A crise hídrica que o Brasil vem passando em 2021 é a pior dos últimos 91 anos. Apesar do início do período chuvoso, mesmo que espaçadas, nosso país ainda corre um enorme risco de passar por um desabastecimento de água e racionamento de energia elétrica.
Historicamente, na maioria das regiões do Brasil, as chuvas mais volumosas acontecem no chamado período úmido, correspondente à primavera e ao verão. As exceções à essa regra são as regiões sul e nordeste. A região sul apresenta chuvas uniformes e bem distribuídas durante todo o ano. Já na região nordeste, especialmente no litoral, possui o outono e o inverno mais chuvosos.
Uma crise hídrica acontece, basicamente, quando não chove ou a chuva é insuficiente para abastecer os reservatórios de água. Por causa da falta de chuvas durante o último período chuvoso, os reservatórios das usinas hidrelétricas de todo país, em especial das regiões sudeste e centro-oeste, estão com uma drástica redução na capacidade, afetando o abastecimento de água e o fornecimento de energia elétrica no Brasil.
Porque ocorre uma Crise Hídrica?
Podemos apontar diversos problemas que resultam em uma crise hídrica. Obviamente, além das chuvas insuficientes, a crise é agravada pela má gestão dos recursos hídricos disponíveis, a falta de infraestrutura de abastecimento, descontrole de problemas ambientais, falta de um consumo racional da água e redução do desperdício, aumento do consumo de água por causa do crescimento da agricultura, indústria e populacional, uso restrito de fontes alternativas de geração de energia elétrica, entre outros.
As consequências para a sociedade
Se a água é um bem essencial para vida de todos, a falta dela é um problema sem precedentes. Dentre as diversas consequências que a falta de chuvas pode causar, sem sombra de dúvidas, a principal delas é o desabastecimento hídrico de toda população. Com a falta de água, a população em geral e alguns setores da economia sofrerão com o racionamento de água e de energia, pois não haverá matéria-prima (água) para abastecer as usinas hidrelétricas.
As regiões Sudeste e Sul, em especial, são as mais afetadas pela crise, uma vez que elas abrigam os principais centros financeiros do Brasil e a maior concentração populacional. A falta de água, em sua maior parte, encarece os sistemas de energia, além do aumento do risco de “apagões”.
As consequências para a Economia
Com a falta de água, todos os serviços que necessitam da água para o pleno funcionamento acabam sendo afetados. Dentre os mais que mais sofrem são o agronegócio, saneamento e de energia.
A escassez de chuvas faz com que a agricultura e a pecuária percam força e produtividade, aumentando, assim, os custos. Outro ponto é o comprometimento da logística de transportes de cargas por vias fluviais. As safras de grãos, hortifrutigranjeiro e frutas são as mais impactadas. Como consequência desse cenário de alta demanda e pouca oferta, os preços das commodities e alimentos elevam-se.
Energia Elétrica
O setor de Energia é um dos mais afetados devido ao fato da matriz energética brasileira ser, basicamente, a hidrelétrica.
Com a baixa produção das hidrelétricas devido aos baixos níveis dos reservatórios e, para manter o abastecimento de energia de todo o país, as empresas acionam as usinas termelétricas. Contudo, os custos para manter a operação das termelétricas são muito maiores, e isso cria um efeito cascata na economia, causando um aumento em todas as esferas na cadeia econômica.
Saneamento
Outro problema que a crise hídrica chama a atenção é a contaminação dos reservatórios de água. Além disso, o baixo volume de chuvas expõe a má conservação dos mananciais – fontes de água para abastecimento e consumo – além da necessidade de tratamento de esgoto.
Inflação, PIB e Crise Hídrica
A crise hídrica também impacta diretamente na inflação, que tende a se manter alta. Para o consumidor final, isso significa juros mais altos, diminuição de consumo e investimentos e um maior spread bancário.
A expectativa atual para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do Brasil, é de fechar o ano de 2021 em 8,51%, de acordo com o Boletim Focus divulgado na última segunda-feira (4).
Para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, os efeitos da crise hídrica ainda poderão ser sentidos em 2022 e prejudicar o crescimento do país ao longo do ano. Para o ano que vem, a previsão do PIB do país é de crescimento de 1,57%. Já no segundo trimestre de 2021, houve queda de 0,1%.
Conclusão
Como já foi dito, o Brasil vem passando pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos e isso já traz impactos negativos para todos. Alimentos mais caros, combustível alto e a elevação do custo de vida afetam não somente a população em geral, mas aos empresários e grandes produtores. Essa situação gera um efeito cascata, pois, se há redução do consumo, haverá redução do lucro, reduzindo as previsões de crescimento do país.
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